
Claiton Pacheco: conheça o economista e investidor que quase trouxe uma fábrica da Tesla para Criciúma
O programa 95.5 Entrevista desta quarta-feira, 12, recebeu o economista e investidor anjo Claiton Pacheco Galdino. Formado em economia, ele tem MBA em Marketing e acumula agens pela presidência da ADVB (Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing), pela diretoria de Desenvolvimento Econômico e Inovação de Criciúma e hoje é diretor de Novos Negócios da FEBACAPITAL, uma Venture Capital Estratégico que investe em mais de 20 empresas.
Durante a entrevista, Claiton falou sobre suas origens e como isso contribuiu para a seu amadurecimento.
“Eu sou natural da praia do Rincão e fui morar em Criciúma com 6 anos de idade, mas eu me considero marisqueiro da praia do Rincão. Meu avô criou no Rincão uma loja de materiais de construção: a Marista, que existe até hoje. Minhas primas, a Carol e a Duda, que tocam lá. A loja completou agora 60 anos de história. Então eu me criei atrás de um balcão. A loja ficava na frente da casa da vó. Então a minha relação com varejo e atendimento ao cliente se confunde com a minha própria vida pessoal. A vó saia para servir café para nós, voltava para atender o cliente, depois voltava para tomar café conosco e, na sequência saia para atender outro cliente e para nós isso era absolutamente normal. Ou seja, essa relação de trabalho e família, sempre foi muito presente na minha vida. Eu costumo dizer que os almoços de domingo na minha família eram quase que uma aula de negócios. Minha mãe trabalhava com varejo, meu tio também trabalhava e o assunto do almoço de domingo envolvia clientes e negócios”.
Claiton chegou a se formar e trabalhar por um tempo com eletrotécnica, mas a veia empreendedora sempre falou mais alto.
“Naquela época, para nós que éramos de família mais simples, para ter um ensino de muita qualidade, ou tu ias para um colégio particular, ou ia para a Satc. Depois de formado fiz estágio, mas não era muito a minha área. Eu acreditava que o meu futuro estava em outro setor e eu acabei entrando no curso de economia. Iniciei a faculdade e comecei a trabalha na DPaschoal, como vendedor de pneus. Depois trabalhei em uma empresa cerâmica que não existe mais: a Deluca Revestimentos Cerâmicos, onde fiquei durante 4 anos. Após isso foram mais 4 anos na Texaco. Nesse momento saí de uma visão de funcionário de uma empresa local, para ir para uma empresa global com visão de longo prazo. Naquela época, há aproximadamente 20 anos, a Texaco já tinha 125 anos, ou seja, um negócio muito consolidado. A partir daí eu comecei a empreender. Montei uma empresa e vendi, montei uma segunda empresa e vendi e fui seguindo no mundo do empreendedorismo, onde estou até hoje”.
Para Pacheco, o curso de economia também foi um divisor de águas em sua vida e visão profissionais.
“Me permitiu entender as coisas por trás das coisas. O que a gente vê as vezes na manchete de jornal tem um impacto, mas quando tu entendes o que está acontecendo faz toda a diferença. Tipo: a taxa de juros vai subir tem um impacto. Mas tu saber onde, em que setores este impacto vai acontecer e em que momento, quem vai ganhar com isso, que vai perder, te permite tomar decisões econômicas hoje, que terão reflexos lá na frente. Isso te permite fazer coisas antes dos outros e te deixa mais preparado quando as mudanças de fato ocorrerem. Adquiri uma visão ampla de mundo e de como as empresas funcionam. Além de no mundo corporativo, também foi possível saber como isso afeta as cidades, o país, enfim, o sistema como um todo”.
Começar cedo no mercado de trabalho
“Este processo pessoal de crescimento na família foi fundamental para valorizar o trabalho. As vezes as pessoas acham que o empreendedor não relaxa, que está o tempo todo trabalhando, mas na verdade ele está o tempo todo envolto naquilo que é o negócio dele. Então se a um caminhão na frente dele com uma propaganda que faz sentido, ele pode estar de férias, mas aquilo vai chamar atenção dele. Não é porque está em um momento de lazer que ele não vai estar ligado. Isso me ajudou a entender que esse negócio de trabalhar ou pensar no trabalho das 8h às 18h não funciona. Não tem que estar pensando o tempo todo, mas entender que você está envolto neste ambiente o tempo todo”.
MBA em Marketing
“Eu costumo dizer que eu tenho a cabeça nas nuvens e o pé no chão. O economista é o pé no chão e o marqueteiro é aquele que viaja nas coisas e consegue pensar fora da caixa, mas ao mesmo tempo, entendendo que, para aquilo se tornar realidade, tem um desafio econômico e de trabalho. Não é só ter grandes ideias que as coisas vão se resolver. No nosso seguimento de tecnologia, de Startups, a gente sempre fala que uma ideia não vale nada sozinha, o que vale é a execução. Eu supervalorizo as ideias, mas é fundamental que elas sejam viáveis e viabilizadas”.
Investidor anjo
“Em 2016 eu já tinha um outro negócio, que era a Cliente Amigo, uma empresa de pesquisa de cliente oculto. Negociávamos com o Brasil inteiro, com redes de lojas que tinham centenas de unidades e aí eu criei, junto com o Jeff e a Gabi, a Plurall Coworking. Ela se tornou em Criciúma um ambiente de inovação, de tecnologia e também um ponto de convergência, onde as pessoas se encontravam. Fazíamos eventos e trocávamos ideias no espaço. Nesse cenário eu acabei sendo impactado por pessoas querendo concretizar seus sonhos e viam em mim um mentor, uma pessoa que poderia ajudá-las, seja com estratégia de negócio ou com Network. Eu ouvia pits, que são esses discursos de vendas de Startups, quatro a cinco vezes por semana me vendendo alguma ideia. Comecei a olhar isso como uma oportunidade de negócio e comecei a brincar de colocar o meu tempo e o meu investimento em alguns negócios. Hoje sou investidor anjo em duas Startups, uma de educação coorporativa e uma de robótica. Desde o final de 2023 eu tenho direcionado todo o meu olhar de investimento para aquilo que é a nossa tese na FEBA, mas o investimento anjo me preparou para este momento”.
Pontos para investimento
Como dito anteriormente, Claiton ocupa hoje o cargo de diretor de Novos Negócios da FEBACAPITAL, uma Venture Capital Estratégico que investe em mais de 20 empresas.
“Nós investimos principalmente em empresas de tecnologia que tenham produtos que possam ser vendidos como serviço. Ou seja, se é um problema comum de um segmento grande e se o serviço atende a dor de uma empresa, tu tens a perspectiva que todo o segmento, ou parte dele, tenha aquele problema para ser resolvido também. O primeiro olhar que a gente tem sobre investimento e este: é um mercado grande? É um serviço replicável? Eu consigo vender para centenas ou até milhares de empresas? No final das contas, alguém tem que querer pagar por aquilo. E por último, e não menos importante, é o time. Temos que acreditar que aquelas pessoas, com a nossa ajuda, vão executar aquilo que se proponham a fazer”.
Claiton, que também já foi diretor de Desenvolvimento Econômico e Inovação de Criciúma, quase conseguiu trazer uma fábrica da Tesla para cidade.
“Eu estive em uma missão empresarial, no Vale do Silício em 2019, e eu tenho um grande amigo, que na época trabalhava na Tesla. Ele era o engenheiro chefe da fábrica de motores elétricos do carro da Tesla, inclusive foi estudante aqui da Satc. Eu tive oportunidade de conversar com os pares dele nos Estados Unidos, inclusive com o chefe dele. E me explicando o processo de expansão da Tesla. Tinham acabado de montar uma fábrica na Alemanha, estavam em operação em uma outra fábrica na China, estavam montando uma segunda fábrica nos EUA.. aí eu pensei: eles vem para a América do Sul e vão colocar no Brasil que é o maior mercado. Quando eu voltei, eu conversei com o Clésio Salvaro (então prefeito de Criciúma) e ele me autorizou a movimentar a negociação”.
Confira o final desta história na entrevista completa com Claiton Pacheco Galdino