
Araranguá já registra 15 casos de abuso sexual infantil em 2025 e intensifica ações no Maio Laranja
Durante o mês de maio, Araranguá intensifica a mobilização contra o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes por meio da campanha nacional Maio Laranja. Em entrevista concedida ao programa O Dia em Notícia da Rádio Araranguá, representantes da rede de proteção detalharam as ações que estão sendo realizadas e alertaram sobre a gravidade do problema também no município.
De acordo com dados nacionais, a cada hora, três crianças são abusadas no Brasil. Cerca de 51% das vítimas têm entre 1 e 5 anos de idade. Estima-se que 500 mil crianças e adolescentes sejam exploradas sexualmente por ano no país, mas apenas 7,5% dos casos são denunciados, o que indica um número real muito mais alarmante.
Em Araranguá, somente nos primeiros cinco meses de 2025, já foram registrados 15 casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes, um número considerado significativo pelas autoridades locais.
Rede mobilizada
Participaram da entrevista o assistente social da Secretaria de Assistência Social e Habitação, Thaís Coelho; a coordenadora do CREAS, Michelle Victor; o coordenador do CRAS, Joelcio Anastácio; e o comandante do 19º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Marcelo Bertoncini Zanette.

Segundo Thaís Coelho, o Maio Laranja busca sensibilizar a sociedade sobre a importância da prevenção e do enfrentamento dessas violências. “A flor, símbolo da campanha, representa a delicadeza e a vulnerabilidade das crianças. O objetivo é proteger e garantir direitos. O dia 18 de maio é a data oficial, mas ações ocorrem ao longo de todo o mês”, explicou.
A Secretaria de Assistência Social já iniciou a programação, com abertura oficial na sede da prefeitura e, no dia 15 de maio, promove uma grande ação no Centro Multiuso, reunindo crianças e adolescentes atendidos por diversas entidades parceiras.
CREAS e CRAS: atuação complementar
Michelle Victor, coordenadora do CREAS, ressaltou que o órgão atua diretamente no atendimento das vítimas e suas famílias. “Recebemos os casos como suspeita de violência. O nosso papel não é investigar, mas proteger e fortalecer psicossocialmente a criança e ao adolescente. São atendimentos realizados por assistente social e psicóloga, com escuta qualificada, muitas vezes por meio de atividades lúdicas, dada a dificuldade da criança em verbalizar o que viveu. Somente nesses cinco primeiros meses, já foram registrados 15 casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes, um número considerado significativo”, afirmou.

Já o CRAS, segundo Joelcio Anastácio, atua na prevenção. “Desenvolvemos ações que buscam evitar que as violações aconteçam. O serviço de convivência e fortalecimento de vínculos, por exemplo, trabalha a autoestima e a reintegração social da criança, buscando reconstruir laços familiares e comunitários”, explicou.
Joelcio também destacou que a violência sexual não se restringe a determinadas classes sociais. “É um mito acreditar que só ocorre em famílias de baixa renda. Infelizmente, está presente em todos os níveis sociais, muitas vezes escondida por questões de status e poder econômico”.
Polícia Militar reforça ações com a operação Caminhos Seguros
O tenente-coronel Marcelo Zanette destacou o papel da Polícia Militar, que atua tanto na prevenção quanto na repressão desses crimes. “Temos equipes especializadas, inclusive policiais femininas, que integram programas como a Rede Catarina de Proteção à Mulher e a Rede de Segurança Escolar. Elas realizam visitas, palestras e atendimentos diretos”, disse.

Zanette anunciou ainda a operação Caminhos Seguros, que vai até o dia 30 de maio. “Estamos realizando fiscalizações em locais públicos com suspeita de exploração sexual, como bares e boates, com apoio do Conselho Tutelar, Polícia Civil e, em alguns casos, o Ministério Público. Também atuamos nas marginais da BR-101, em parceria com a Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Militar Rodoviária Estadual”.
Denunciar é fundamental
A rede de proteção reforça que é dever de todos denunciar qualquer suspeita de abuso ou exploração. As denúncias podem ser feitas de forma anônima pelo Disque 100, pelo telefone 190 da Polícia Militar, ou diretamente aos órgãos competentes como Conselho Tutelar, CREAS e Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente. “O silêncio protege o agressor. Denunciar é um ato de coragem e de amor à infância”, concluiu Thaís Coelho.
Confira a entrevista completa na íntegra: